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Moro defende apuração sobre pagamentos de ex-assessor de Flávio Bolsonaro

Moro defende apuração sobre pagamentos de ex-assessor de Flávio Bolsonaro
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O futuro ministro da Justiça, Sergio Moro, defendeu que sejam esclarecidos os fatos relacionados ao relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que aponta movimentação financeira atípica de um ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho de Jair Bolsonaro (PSL) e senador eleito. A declaração foi feita pelo juiz exonerado nesta segunda-feira (10).

Questionado por repórteres sobre o tema, Moro falou que é inapropriado, em sua posição, fazer comentários sobre casos concretos. “Eu, na verdade, fui nomeado para ser ministro da Justiça. Não cabe a mim dar explicação sobre isso”, disse.

Em seguida, o ex-juiz comentou o caso e disse que explicações ainda precisam ser dadas. “O presidente já apresentou algum esclarecimento. Tem outras pessoas que precisam prestar seus esclarecimentos. E os fatos, se não forem esclarecidos, têm que ser apurados”, disse.

O documento do Coaf aponta que o ex-assessor parlamentar e policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Uma das transações seria um cheque de R$ 24 mil destinado à futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Hoje vinculado ao Ministério da Fazenda, o Coaf passará para o Ministério da Justiça a partir do ano que vem. Sob sua responsabilidade, Moro disse que o órgão será reforçado.

“Haverá uma possibilidade de reforçar o corpo funcional, com o que se espera que haja uma maior eficiência. Também há uma intenção de deixá-lo trabalhando mais próximo dessas operações de investigação”, afirmou.

Na sexta-feira (7), o ex-magistrado se esquivou, ao fim de uma entrevista coletiva em Brasília, de comentar o caso envolvendo Flávio Bolsonaro. Diante de perguntas a respeito do episódio, apenas acenou um adeus e continuou a andar para ir embora.

O presidente eleito afirmou neste domingo (9) que Fabrício Queiroz, o ex-assessor de seu filho, deve explicações sobre as movimentações. O Coaf citou repasses entre Fabrício e outros assessores do senador eleito.

Indagado se vê isso com naturalidade, Bolsonaro disse: “Ele tem que explicar, pode ser, pode não ser”.

Ainda assim, o futuro presidente sugeriu que foram baixos os valores transferidos entre os assessores?, ressaltando que as movimentações mais altas aconteceram com a mulher e as duas filhas. “Um ao longo de um ano transferiu R$ 800. O outro transferiu R$ 1.500, poxa.”

As informações fazem parte do relatório do Coaf da Operação Furna da Onça, que prendeu dez deputados estaduais do Rio de Janeiro. O Ministério Público Federal (MPF) solicitou ao órgão de controle financeiro os casos de movimentação atípica envolvendo funcionários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Os dados sobre o policial militar chamaram a atenção por, entre outros motivos, registrar “movimentações em espécie realizadas por clientes cujas atividades possuam como característica a utilização de outros instrumentos de transferência de recursos”.

A movimentação de R$ 1,2 milhão por meio de pequenos valores é o método mais popular de lavagem de dinheiro, mas não é automaticamente um crime. A prática só se torna crime de lavagem se os recursos tiveram origem ilícita. BN

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