TV Cultura negocia para transmitir Fórmula 1 no Brasil
Emissora visa fortalecer sua programação esportiva
Mesmo com a rescisão de contrato com a Rede Globo, a Fórmula 1 deve continuar a ser transmitida na TV aberta no ano que vem. Os treinos e as provas podem ser veiculados pela TV Cultura. A emissora paulista confirma negociações com a Rio Motorsports, empresa que possui os direitos de transmissão da categoria para o Brasil pelos próximos cinco anos.
De acordo com pessoas próximas às negociações, as conversas estão evoluindo bem. A TV Cultura tem interesse na transmissão da categoria mais importante do automobilismo mundial para fortalecer sua programação esportiva. Atualmente, a emissora transmite jogos de vôlei da Superliga Feminina e da Superliga Masculina, além de torneios regionais de futebol em suas afiliadas, como o Campeonato Paraense, por exemplo. A emissora também dedica espaço ao futebol feminino. Transmitir a Fórmula 1 seria um avanço na programação.
A Rio Motorsports, que também pretende construir e administrar um novo autódromo no Rio, preferiu não se manifestar sobre as negociações. O Estadão apurou que a estratégia da empresa é ampliar o modelo de transmissão e apostar em várias frentes: TV aberta, TV fechada e streaming. Isso representa uma novidade da categoria no mercado brasileiro. Em todos as plataformas, a intenção é exibir os treinos na íntegra e destacar as corridas aos domingos.
MUDANÇA
A Rede Globo fazia a transmissão da categoria em TV aberta havia quase 40 anos. O fim das transmissões no canal representa uma grande mudança nos hábitos dos fãs e também no posicionamento da categoria no País. A O principal problema foi financeiro. A emissora não chegou a um acordo com a Liberty Media, grupo dono da Fórmula 1. A Globo teria oferecido 20 milhões de dólares (R$ 112 milhões), mas a Liberty queria 22 milhões de dólares (R$ 124 milhões). Com isso, as corridas serão transmitidas apenas até o final do ano.
Outro fator que pesou na decisão da Globo foi a possível ausência de pilotos brasileiros. Isso pode gerar uma queda de interesse pelo produto nos próximos anos. Desde a saída de Felipe Massa, no fim de 2017, o Brasil não tem representantes no grid. Ainda assim, a audiência das provas gira em torno dos dez pontos na Grande São Paulo. É uma das maiores audiências do mundo na TV aberta.
No último domingo (25), o piloto inglês Lewis Hamilton venceu o GP de Estoril, em Portugal, ultrapassou o ex-piloto Michael Schumacher e se transformou no maior recordista de vitórias da categoria. Atualmente, ele tem 92 triunfos. Em 2020, o calendário da categoria teve que ser refeito devido à pandemia de coronavírus. Com isso, o GP do Brasil, previsto para novembro, em Interlagos, foi um dos cortados. Será a primeira vez desde 1972 que a prova brasileira ficará de fora do calendário.
O futuro da etapa brasileira está indefinido. O contrato da Liberty Media com o estado de São Paulo termina em 2020. As negociações para renovação estão travadas. Com a construção de um novo autódromo pelo consórcio Rio Motorsports, o Rio de Janeiro se colocou como alternativa e avançou nos bastidores para receber a prova.
*Estadão