Suspeito de matar transformista diz que tiro foi acidental
Isaac dos Santos Pestana, de 23 anos, diz que trabalha como vendedor ambulante, mas quando as vendas não estão boas ele migra para o roubo. E foi em um dia desses de mudança na área de atuação que ele matou o funcionário do Disque Denúncia da Secretaria de Segurança Pública, Henrique Assis das Neves, 30, em 20 de janeiro, na Rua da Forca, Piedade. A vítima também era comerciante e artista transformista.
Isaac disse, em apresentação para a imprensa na manhã desta quarta-feira, 27, ter sido acidental o tiro que atingiu a nuca de Henrique. Ele conta que o comparsa lhe passou o revólver calibre 32 engatilhado. “Minha intenção não era de matar. Era roubar os pertences. Meu parceiro me deu a arma engatilhada, aí quando fui dar a voz para ele (Henrique) parar, a arma ‘pocou’. Nunca tinha matado. Fiquei dois dias sem dormir”.
Isaac, a namorada dele de 16 anos, que está grávida de dois meses, um homem conhecido pelo vulgo de Pedrinho e um adolescente de 16 anos participaram da ação. Os dois últimos ainda estão sendo procurados.
Investigadores da 1ª DT (Barris) e do Departamento de Homicídios (DHPP) efetuaram as prisões na última segunda no bairro de Escada. O grupo fugiu sem levar a mochila da vítima. Segundo o delegado Jamal Amad, do DHPP, Henrique correu e deixou a sacola cair, antes de ser atingido.
De acordo com o titular da 1ª DT, Adailton Adan, as imagens das câmeras mostram dois momentos da ação. Em uma cena, a vítima passa correndo e Isaac aparece com a arma em punho. Na outra, Henrique caminha e os quatro envolvidos vão atrás.
Vítima foi observada
Conforme o Adailton Adan, o indivíduo dono da arma (Pedrinho) e que passa o revólver para Isaac foi o mentor do crime. “Ele (Pedrinho) já estava observando a vítima. Sabia o horário que ela chegava e ficou na entrada da Rua da Forca observando a ação”, afirma o delegado.
Adailton explica que o leque de investigações foi amplo, mas tudo convergiu para uma tentativa de roubo com resultado morte. “Investigamos se o crime foi motivado pela orientação sexual da vítima, se foi pelo trabalho na SSP, se foi por ser comerciante, mas o que se confirmou foi que mataram para roubar”, esclarece.
Isaac já foi condenado por roubo. Ele tinha um mandado de prisão em aberto porque não compareceu à Justiça para justificar seu paradeiro, após ficar em liberdade condicional. O assassino confesso disse que fumou pitiro (maconha misturada com crack) antes do crime e tentou livrar a namorada. “Ela não entra em nada. Ela tinha ido me chamar para ir pra casa”, diz. A menor foi encaminhada à Delegacia para o Adolescente Infrator (Dai).
A Tarde