Saúde e Ciência

Cientistas recriam células que podem ser a resposta para problemas de infertilidade

Estudo foi realizado por universidades da Inglaterra e Israel

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Um grupo de pesquisadores conseguiu recriar, pela primeira vez em um laboratório, células germinativas primordiais de humanos, o que pode dar resposta às causas da infertilidade. Embora este tipo de célula já tenha sido reproduzida em laboratório no caso dos roedores, fazer o mesmo com as humanas era um desafio, ao qual enfrentaram cientistas da britânica Universidade de Cambridge e do Instituto Weizmann de Ciências, em Israel.

A revista americana “Cell”, que publicou nesta quarta-feira (24) seu estudo, destacou que esta é “a primeira vez que células humanas foram programadas para situar-se em um estágio tão prematuro de desenvolvimento” como é o das células germinativas primordiais (PGC), das quais derivam os óvulos e espermatozoides.

Os resultados deste estudo podem ajudar a dar respostas às causas dos problemas de fertilidade, compreender melhor os primeiros estágios do desenvolvimento embrionário e, potencialmente, permitir o desenvolvimento de novos tipos de tecnologia reprodutiva.

Naoki Irie, do Wellcome Trust/Cancer Research UK Gurdon Institute da Universidade de Cambridge e um dos autores do estudo, comenta a importância das células.

— A criação de células germinativas primordiais é um das primeiras fases no desenvolvimento dos mamíferos.

As PGC aparecem durante as primeiras semanas do crescimento embrionário, quando as células-tronco embrionárias do óvulo fertilizado começam a diferenciar-se em vários tipos de células básicas. Uma vez que essas células primordiais são “especificadas”, seguem seu desenvolvimento para células precursoras de espermatozoides ou de óvulos “de uma maneira bastante automática”, segundo o doutor Jacob Hanna, do Instituto Weizmann.

A ideia de criar este tipo de células em um laboratório surgiu com a criação em 2006 de células-tronco pluripotentes induzidas (IPS), ou seja, células adultas que são “reprogramadas” de modo que parecem e atuam como células-tronco embrionárias, as quais podem transformar-se em qualquer tipo de célula. Os pesquisadores descobriram que um gene conhecido como SOX17 é fundamental para conseguir que as células-tronco humanas se transformem em PGC, o que foi uma surpresa para eles pois, no caso dos ratos, o equivalente desse gene não intervém no processo, o que sugere a existência de uma diferença fundamental entre o desenvolvimento dos humanos e o dos roedores.

O estudo demonstrou, além disso, que as PGC também podem conseguir a partir de células adultas reprogramadas, como as da pele, o que permitirá avançar no conhecimento da linha germinativa humana, a infertilidade e alguns tipos de tumores. Hanna destacou que conseguir a PGC é apenas o primeiro passo para criar espermatozoides e óvulos humanos, embora ainda restem obstáculos antes que se possa completar em um laboratório a cadeia de passos que leva a uma célula adulta.

Por enquanto, o estudo já rendeu alguns resultados interessantes que podem ter implicações significativas para novas pesquisas sobre as PGC e outras células embrionárias de formação antecipada.

R7.com

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