‘É possível’, diz Lula, sobre eventual pedido de dinheiro a empreiteiras
Foto: José Cruz / Agência Brasil
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou, no depoimento prestado à Polícia Federal (PF) no último dia 4, durante a Operação Acarajé, que tenha pedido doações para o Instituto Lula, mas admitiu que funcionários do entidade poderiam ter pedido dinheiro a empresas. “Não, porque não faz parte da minha vida política, ou seja, eu desde que estava no sindicato eu tomei uma decisão: eu não posso pedir nada a ninguém porque eu ficaria vulnerável diante das pessoas”, afirmou Lula. A íntegra da oitiva foi divulgada nesta segunda-feira (14) pela força-tarefa da Operação Lava Jato. Após a PF ter questionado se funcionários como Paulo Okamotto (presidente do instituto) ou a Clara Ant (diretora) podem ter pedido doações a qualquer empresa, “entre elas a Camargo Correa”. “É possível, é possível”, confirmou Lula. O petista também foi indagado se o instituto recebe doações espontâneas. “Não. Aliás, eu não conheço ninguém que procura ninguém espontaneamente para dar dinheiro, nem o dízimo da igreja é espontâneo, se o padre ou o pastor não pedir, meu caro, o cristão vai embora, vira as costas e não dá o dinheiro, então dinheiro você tem que pedir, você tem que convencer as pessoas do projeto que você vai fazer, das coisas que você vai fazer. Lamentavelmente, no Brasil ainda não é uma coisa normal, mas no mundo desenvolvido isso já é uma coisa normal, ou seja, não é nem vergonha, nem crime, alguém dar dinheiro para uma fundação, aqui no Brasil a mediocridade ainda transforma tudo em coisas equivocadas”, respondeu. Após o delegado enumerar as empreiteiras às quais a explicação de Lula valeria, ele confirmou para todas, mas disse não saber informar quais de fato doaram dinheiro, nem quem seria o interlocutor da Camargo Correa, cuja doação foi confirmada pelo ex-presidente. Ao ser questionado se “alguém da OAS, alguém da Andrade Gutierrez” poderia ser acionada para comprovar a operação, Lula declarou: “eu já disse para você que a mim não interessa discutir esses assuntos, não me interessa”. Lula chegou a interromper o interrogatório para tomar café. “Vou pegar um café aqui, deixa eu pegar um café”, disse, ao ser perguntado sobre as atividades da sede principal.
BN