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Lama da Samarco avança no mar e deve ultrapassar 9km de costa

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A onda de lama da mineradora Samarco chegou ao oceano no domingo (22), formando uma enorme mancha marrom que se projetava quilômetros mar adentro desde a foz do Rio Doce, em Linhares, no norte do Espírito Santo. Uma onda inicial de água barrenta já havia atingido a costa no fim da tarde de sábado (21), mas se transformou em uma mancha muito mais escura e densa. O coordenador nacional do Centro Tamar-ICMBio, Joca Thome, sobrevoou a região e voltou para terra visivelmente emocionado. “Nem sei o que falar. É terrível; uma calamidade. Parece uma gelatina marrom se esparramando mar adentro”, disse, após sair do helicóptero. A onda de lama percorreu 650 km de rio desde o rompimento da barragem de Mariana (MG), no dia 5. O desastre deixou 8 mortos identificados e 11 pessoas desaparecidas – há ainda quatro mortos não identificados. A previsão do Ministério do Meio Ambiente, baseada em projeções feitas por uma equipe da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), era de que a lama se espalharia por 9 quilômetros da costa do Espírito Santo. Mas os técnicos que estão acompanhando a chegada da mancha em Regência acreditam que a área afetada será muito maior. “Só o que eu vi hoje parece ser mais do que isso”, disse Thome. No domingo, pesquisadores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) já recolhiam peixes mortos na desembocadura do rio. Analisando os animais manualmente era possível ver claramente que suas guelras estavam impregnadas de lama. Mesmo com os níveis de oxigênio da água dentro do normal, esse “entupimento” das brânquias impede os peixes de respirar e eles morrem asfixiados. A mortandade de peixes, porém, é apenas “uma pontinha do iceberg”, segundo o biólogo Paulo Ceccarelli, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais (Cepta), do ICMBio. O problema maior, e de mais longo prazo, é a extinção do plâncton e de outros pequenos organismos que formam a base da cadeia alimentar, que terá um efeito cascata sobre todo o ecossistema, impactando desde os herbívoros aquáticos até o carnívoros terrestres. “Cada vida que é extinta do ecossistema leva muitas outras junto”, sentencia o pesquisador.

BN

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